|
Gustave Courbet * Ornans, (França) 10/6/1819 - † Tour-du-Peilz (Suíça), 3/12/1877 Courbet falava demais, enquanto sua pintura, pelo menos para mim, falava de menos. Se não tivesse declarado, panfletária e programaticamente, que “Enterro em Ornans” era o enterro do Romantismo, eu teria visto apenas um enterro em Ornans. Eloquente mesmo sua “A origem do mundo” (1866), adquirida pelo museu d’Orsay em 1995. O nu frontal de uma mulher sem rosto (velada pudicícia tem a sedução?), adormecida talvez (descomposta lassidão serenados a carne e amor?), camisola erguida a oferecer-nos (ainda?) os seios, o umbigo, o ventre, a nacarada concha entreaberta surdindo, aliciante, de seu monte de Vênus. Suculenta posta de carne oferecida à nossa fome e gula genésicas, não deixa dúvida quanto à origem do mundo. Belíssima tranche de vie. Este sim, Courbet, um verdadeiro manifesto do Realismo.
|